Não basta digitalizar! É preciso mudar modelo de negócios!
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- Categoria: Artigos
- Criado: Terça, 18 Dezembro 2018 14:09
- Escrito por Reges Bronzatti
“Um cavalo encilhado não passa duas vezes” – este provérbio gaúcho diz que uma grande chance ou oportunidade não nos bate à porta a todo o momento. E isso tem a ver com o estágio atual de transformação dos negócios.
Uma das características comuns, nas pessoas de sucesso, é a percepção que elas possuem em identificar as oportunidades que surgem. Mas agora isso, só, não basta. É importante que estejam preparados e qualificados para aproveitarem melhor quando esta chance aparecer. Há dúvidas se os líderes atuais serão os mesmos que perpetuarão seus negócios. Há líderes, principalmente no terceiro mundo, fazendo leituras equivocadas sobre o próprio futuro.
Estamos vivendo um momento único de ruptura de “mindset” que se refletirá para as próximas gerações. O analfabeto de anos atrás era aquele que não sabia ler ou escrever, agora é aquele que não sabe pesquisar uma informação no “google” e o do futuro será aquele que não souber interagir com robôs utilizando pensamento computacional. Uma grande massa de empresas, no Brasil, analfabetas digitais, no seu modelo de produção até gestão de pessoas, ainda vive como se estivesse em plena revolução industrial do século XIX. Sobrevivem porque a verdadeira concorrência não quer o seu mercado de atuação, pelo menos não ainda ou são tão irrelevantes que não carecem de maior atenção.
Então como falar de transformação digital com estas empresas, se estas ainda acham que apenas digitalizar (adquirir software de ERP, CRM, confeccionar intranet, monitorar redes sociais, ir para a nuvem, etc) seja o seu caminho natural de mudança, inovação, expansão ou crescimento exponencial? Estes passos da digitalização são importantes para se candidatar a competir, mas absolutamente tímidos para liderar em um mercado global.
Sim, eu sei, a sua empresa está comprando tecnologia por tecnologia certo ? Ela está tentando competir. Apenas isso.
A pergunta que todo empreendedor líder deve fazer ou já deveria ter feito há uma década é: “qual idéia ou quem vai aniquilar o meu negócio?”. A partir das respostas possíveis, deve inovar e disruptar, inclusive, fora do ambiente do seu negócio atual. É o correto. Inovar conflita com a operação do “dia a dia”. Se não o fizer, seu negócio, provavelmente, pode não morrer de imediato porque vai acabar focando em nicho ou segmentos para sobreviver, mas se tornará totalmente irrelevante na sua área de atuação. Será comprado ou terá que fundir suas operações para não ter que lidar com a falência.
Então mudar seu modelo de negócios é fundamental para todo empreendedor atual. Não é comprar mais tecnologia. Não é verbalizar que vai investir muito mais que no ano anterior. É romper com padrões. Às vezes pensar fora da caixa do senso comum, é a única opção para despertar uma nova consciência. Tentar inovar, com mais tecnologia e atribuir a responsabilidade de fazer diferente aos que cuidam da operação, não funciona. A operação reflete tudo o que a empresa aprendeu a fazer bem – é previsível e confiável. É melhor deixar onde ela está, se funciona. Diz o velho ditado herdado da cultura futebolística: “Em time que está ganhando, não se mexe”.
Mudar modelo de negócios é o oposto – mentalidade sempre experimental e aberta. É lidar com o imprevisível, é gerir riscos, adaptar rapidamente e suportar frustrações. Nenhuma empresa possui um direito perpétuo de “existir”. Para desafiar que todo negócio possui um prazo de validade, o inovador precisa testar e desafiar aquilo que aprendeu a fazer melhor – é a angústia do século XXI. A solução precisa vir de um ambiente externo ao atual. Dificilmente virá das pessoas e processos existentes. Por quê? É o dilema da tríade existente nos ambientes organizacionais: “Pessoas-Processos-Tecnologia”. Pessoas precisam desenvolver conhecimentos novos, em sintonia umas com as outras, e introduzirem, de forma integrada, novos processos e novas tecnologias para criarem e lançarem novos produtos e serviços. Do contrário, nada acontecerá. É por isso que o “mindset” de “startups” é tão pródigo para romper com o “status quo” atual. Não há legado, não há tradição, não há nada a se perder, não há medo do risco, não há status social, econômico ou posição para defender. Basta criar, testar e retornar ao ponto inicial se ainda não deu certo. Tantas vezes quantas forem necessárias. Um detalhe: isso não tem a ver com a idade ou com gerações, apesar de todos acharem que somente pessoas jovens criam “startups”. Pode ser mais comum, mas não é uma regra. Tem mais a ver com a mentalidade irrequieta de pessoas que desejam mudar o mundo ou a si mesmos.
Estamos vivendo uma conjunção de princípios que aceleram estas rupturas: pessoas estão modificando comportamentos e ampliando a percepção de que podem obter melhores resultados com menos esforço, a cultura do digital impregnou a vida cotidiana e por consequência, quer romper com o “modus operandi” atual das organizações. Tudo isso está materializado na tecnologia disponível e abundante para que as mudanças aconteçam sem procrastinação. A impaciência das pessoas é nítida dentro de uma sala de aula, durante uma reunião de trabalho, em um churrasco com amigos, etc. Não há tempo a perder. O lugar mais importante do mundo para se estar hoje é uma tela! Algo acontece e todos precisam, sem exceção, estar conectados a ela para compartilhar, enviar ou comentar um texto, uma foto, um vídeo, um som. A realidade física se mistura com a virtual e a atenção agora é dividida com múltiplas interfaces, todos opinam, todos ensinam, todos aprendem, todos interagem e o empoderamento do ser humano, independente de classe social, se torna ainda mais nítido.
Isso por si só gera um mar de oportunidades para novos modelos de negócios! Não estamos mais vivendo uma era onde a mesma empresa precisa dominar todo o seu processo produtivo. Só esta afirmação, em uma reunião de líderes empresários atuais pode chocar e estimular a polêmica sobre mentalidades do século XIX versus organizações do século XXI.
Uma das leituras perturbadoras do momento atual é que o país líder de desenvolvimento tecnológico e de inteligência artificial no futuro será a China e não os Estados Unidos. Para isso, basta colher a evolução e a tendência de indicadores de formação de obra qualificada, currículo escolar vigente em seus modelos educacionais, número de empresas globais e seus modos de expansão. Parece que o verdadeiro Vale do Silício da inovação e da disrupção não fica em São Francisco, mas dentro da China ou onde os seus tentáculos expansionistas alcançarem.
A liderança econômica dos negócios do futuro mudará de mãos rapidamente para aqueles que perceberem esta nova dinâmica e comportamentos. A hora de mudar é agora.
Essa reflexão é um alerta aos atuais líderes empreendedores que, algumas vezes na vida, compreendem que a ousadia se faz necessária. Mas para que isso se transforme em sucesso, ousadia somente não basta. É preciso que quando as chances apareçam, nos encontremos preparados e dispostos a não as deixar escapar.
Bons negócios a todos e qualquer duvida a disposição pelo email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. !